Sentindo o Mundo
Apelo sem retorno
Garoto
de mãos marcadas
delinqüente por carência
faz do caminho uma arena
e da distância uma ausência
Já nasceu mal com a vida
e o mundo virou-lhe as costas.
É um apelo sem retorno,
tem perguntas
sem respostas.
Colhendo brasas maduras
o ódio
é o único seu.
Assaltos, brigas, revoltas,
foram lições que aprendeu.
Em mar de cacos de vidro
roendo sombras e azar,
navega morte, o garoto,
que não sabe navegar.
DINORAH, Maria. Barco de sulcata. Porto Alegre, Mercado Aberto, 1991. P. 13
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